10.4.13

A busca.




P.S. Detendo nada mais do que tempo livre escrevo esses pensamentos, finalmente, sem uma inspiração externa. Nada além de um ex.piração interna. O prazer das palavras não direcionadas apenas escritas.


Quando mais jovem Brian leu a coletânea toda do Castañeda. O primeiro livro chama-se a erva do Diabo e virou uma história narrativa de um estudo antropológico que ele foi fazer dos índios Mexicanos (se não estou errado) e sua relação com psicoativos. Essa leitura o formou em diversos aspectos quanto a sua relação com as pessoas e com o mundo. Como uma bíblia para os cristão, Brian usou os livros do Carlos e os ensinamentos de Don Juan como um guia para a vida.

Em um ensinamentos do livro Carlos está andando pelo deserto em busca de Mescalito – o que a gente tanto chama de peiote ou mescalina e até Orwell escreveu um ensaio sobre os efeitos meditativos / contemplativos e como todo mundo deveria ter essa experiência para a expansão da mente e a ligação com o universo, digamos assim. O que importa aqui não é a o psicoativo, mas sim como Don Juan ensina Carlos a achá-lo. E o melhor jeito para achar Mescalito no deserto é não procurando.

Você não deve procurar aquilo que você quer. Aquilo que você quer encontra você.

A questão é que isso não é uma desculpa para a proscratinação e muito menos um “não faça nada” afinal você deve caminhar pelo deserto por dias e dias a fio sem procurar nada, mas contemplando tudo para que nessa viagem o Mescalito te encontre. Tira o deserto, tira a viagem, tira a planta. Coloca o seu mundo, o seu caminho daqui até a morte e os seus desejos e objetivos.

Até mesmo no universo corporativo a não busca pela solução facilita a resolução do problema. Qualquer “guru” com vários livros fala isso. Tá com um problema muito grande? Vai dar uma volta. Vai ler um livro. Anda de bicicleta (Einstein). Mas não pretendo entrar nessa onda mercadológica por que isso é chato pacas. Vamos nos ater nas coisas boas da vida. Nas coisas boas da vida de Brian.

Por 2012 quase inteiro Brian buscou seu amor incessantemente em mais de uma mulher. Escreveu cartas, declarou poemas, tentou reviver amores antigos que já transformaram-se em algo muito mais que uma relação carnal, esgotou suas forças em uma mulher que nunca lhe daria valor por apenas tê-lo usado com isca de ciúmes e gastou todas as suas energias para encontrar alguma coisa que fizess sua vida perfeita, completasse o “ciclo da felicidade” que muitos por ai acham ser verdade. O corpo saudável, a mente sã, o emprego bem remunerado e a bela namorada. Brian tem tudo. Menos a bela namorada. Brian ficou solteiro, quieto, pensando que talvez sua vida fosse realmente feita para ser uma pessoa sozinha e feliz. Com um hobby que ele ama, um emprego que ele ama, uma família que ele ama e um corpo que ele todo dia aprende a amar.

Foi um dia, quando ele deitou em sua cama e durante seu fluxo de pensamento noturno -  uma coisa que ele apelidou de Autopsicologia -  uma mariposa do tamanho de duas mãos abertas entrou no seu quarto e jogou seu corpo branco acizentado por todo o teto até pousar no abajur e encará-lo com seus grandes olhos vermelhos. Ela foi o ponto que quebrou todo o fluxo de pensamentos daquela noite e iluminou o pensamento causando aquele "turning point" de perspectiva, de realidade, de paradigma.


E nesse processo de fluxo de pensamento, com Castañeda, com mariposas, Brian pausou sua procura. Continuou caminhando nessa deserto solitário que é a vida de cada um sem procurar por planta nenhuma, por aconchego nenhum, calou sua vontade de falar para cada mulher que lhe apeteça todas as verdades que ele sente ou toda a beleza que ele vê naquela alma solitária por que ninguém está preparado para tanta sinceridade. Seja ela uma massagem ou um soco no ego.

E assim que ele cessou sua busca mas continuou o caminho, sem nunca contar isso para ninguém, seu mundo mudou e aquilo que ele tanto procurou começou a encontrá-lo. Devagar, quase tímida, quase impossível, quase bom demais.

E Brian continua caminhando. Desejando o mundo todo mas sem buscar nada a não ser mais um pouco dele mesmo.

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